A intenção era comer
maniçoba, um prato de origem escrava preparado com as folhas da mandioca. Mas é claro que acabamos por unir o útil ao agradável e fizemos turismo!
Éramos um grupo grande de amigos. Fomos para a cidade de Cachoeira, a aproximadamente 130km de Salvador, no Recôncavo Baiano.
Seguindo de Salvador, a estrada nos "obriga" a passar por Santo Amaro, outra cidade do Recôncavo famosa por seus filhos ilustres: Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Essa eu já conhecia (de coberturas jornalísticas), mas como no grupo havia turistas paramos para umas fotos na Matriz de Nossa Senhora da Purificação
(foto ao lado).
Poucos minutos depois, lá fomos nós em direção a Cachoeira. E que cidade linda! Toda bem
conservada, com casarios centenários e charmosíssima, parece cenário de filme.
Muitas casas, como a da foto
à direita, de 1898, tem detalhes incríveis nas fachadas e esculturas belíssimas.
Vejam detalhe de outra casa, na foto
à esquerda.
A cidade já exerceu papel fundamental na economia baiana por causa do cultivo da cana-de-açúcar. Uma curiosidade é que um dos prédios de Cachoeira, o da Casa de Câmara e Cadeia, já foi sede do governo da Bahia, em 1822!
O interessante é que a cidade tem poucas construções modernas,
preservando os sobrados históricos de arquitetura colonial. Pequena, Cachoeira dá para conhecer em apenas um dia, caminhando por suas ruas estreitas e cheias de história. Na foto ao lado, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, datada do século 16 e restaurada há pouco tempo!
E foi justamente na Pousada do Convento do Carmo que comemos a
maniçoba. Como já disse no início, é um prato de origem escrava e típico da região (em Cachoeira tem a
Irmandade da Boa Morte, um grupo remanescente de escravos e primeiro terreiro candomblé do país). Eu adoro maniçoba, e sempre que posso faço questão de comer! Na foto abaixo, a iguaria.
Achou estranho??? Realmente é!
Feio??? Não tenho a menor dúvida!
Mas que ninguém duvide da delícia que é!!! Além das folhas de mandioca, o prato leva carne de porco e especiarias. Acho que repeti umas 4 vezes!
Ok, desejo satisfeito e seguimos nosso passeio. Paramos em uma pequena lojinha chamada "Café Literário", uma mistura de galeria de arte com livraria e lojinha de artesanato.
Foi lá que encontrei uma espécie de rechaud de vela que era a coisa mais linda do mundo!!! É esse aí da foto ao lado. Foi paixão à primeira vista (eu que AMO velas)!!!!
Veja só quando a vela é acesa, que coisa maravilhosa! Vira uma mandala refletida ao redor. Mandei embrulhar três!!!!
E assim continuamos o passeio. Mais um detalhe da cidade, a Matriz Nossa Senhora do Rosário, da primeira metade do século 18 (foto à esquerda)! Li num jornal que a cidade de Cachoeira tem o segundo maior acervo barroco da Bahia! É realmente de impressionar!
Mas a região reserva muito mais surpresas. Cachoeira é separada de outra cidade, São Félix, pelo Rio Paraguaçu, igualmente rica em história e linda em preservação.
As duas cidades são interligadas pela centenária ponte Dom Pedro II, cujo nome não é mera coincidência! Ela foi inaugurada pelo próprio imperador em 1865!!!! Daí seu nome e sua importância histórica!!!!
Não vou negar que dá um certo "medinho" passar por ela, mas fiz questão de fazer o trajeto de volta à pé! É preciso sentir a emoção!!!!
Para mim, uma das grandes surpresas (e encanto) foi avistar São Félix do outro lado do rio, ou seja, de Cachoeira. Dá só uma olhadinha na foto abaixo....
Percebeu algo diferente???? A cidade parece uma maquete, um presépio em tamanho natural!!! Não é magnífico??? E reparem na cruz, no alto do morro!!! Fala sério, é ou não é coisa de cinema????
Já em São Félix, vale destacar a Estação Ferroviária (foto à direita) super bonitinha e bem conservada.
Na foto à esquerda, a cidade de Cachoeira vista do outro lado da margem, do lado de São Félix!
Para quem gosta de charutos, o destaque em São Félix é a Dannemann, fábrica de charutos de qualidade igualada aos cubanos.
A fábrica é centenária e foi fundada pelo alemão Geraldo Dannemann, primeiro prefeito de São Félix. Toda a produção é artesanal e pode levar dias, desde a montagem, secagem e acabamento!
Na foto à esquerda, parte do processo de "enrolar" a folha de fumo ao charuto.
Na outra, à direita, charutos prontos no primeiro plano. Ao fundo, funcionárias (todas são mulheres) na produção de charutos.
Qualquer turista interessado em acompanhar um pouco da produção pode entrar pois vai se sentir em casa! Dentro da fábrica há um pequeno museu com a história da empresa e de seu fundador. Além disso, é possível comprar charutos diretamente da fábrica!!!
Passeio nota 1000!
Modificação feita no dia 18/11: Me esqueci de uma observação importantíssima: a maniçoba demora para ser preparada por causa das folhas de mandioca. Como são venenosas, devem ser trituradas e cozidas por longo tempo (às vezes demora dias!!!)