O legal do jornalismo é a falta de rotina. Cada dia é uma coisa nova, um assunto diferente (a não ser quando a repercussão é tão grande a ponto do assunto virar manchete por vários dias) e uma história pra ficar registrada na memória.
Alguns dias são mais emocionantes: a gente não para um segundo sequer e muitas vezes não tem tempo nem de sentir fome ou sede. Aliás, a única sede é por notícia. Em outros dias falta emoção, falta adrenalina, falta energia.
Mas o que é mais gostoso é não ter rotina. E conhecer fatos e causos curiosos. Dias desses fui cobrir uma matéria sobre um "cachorro" de 4 centímetros (as aspas eu explico depois). Cheguei na casa de Dona Fulaninha e lá veio ela me mostrar o que poderia ser o menor cachorro do mundo. Um bichinho, uma coisinha de apenas 4 centímetros. A cadela dela havia parido sete filhotes normais, e o outro seria 6 vezes menor. Olhei meio ressabiada, mas no fim das contas já estava enxergando um cachorro. No dia seguinte, depois que a matéria foi ao ar, o assunto em Salvador era o cachorro minúsculo.
Tamanha repercussão, resolvemos voltar na casa de Dona Fulaninha com um veterinário para que ele pudesse dizer se aquilo era mesmo um cachorro ou não. Chegando lá, não é que Dona Fulaninha estava famosa??? Todas as outras emissoras de TV concorrentes (além da mídia impressa) estavam na casa dela. Conversamos com o veterinário, mostramos o bichinho minúsculo e lá veio a bomba: era quase certeza ser um filhote de rato, e não um cachorro. Antes de mais nada, uma coisa precisa ser dita: Dona Fulaninha não queria se promover, ganhar fama e virar artista não. Ela realmente acreditava que o bichinho, apelidado por ela de Vida, era um cachorro. E Dona Fulaninha tratava Vida com todo amor e carinho. Dava leite ordenhado da cadela (a cadela que ela acreditava ser a mãe de Vida) através de uma seringa, chamava Vida de meu amor, colocava Vida pra dormir junto com ela e não deixava ninguém ficar pegando em Vida...Vida pra cá, Vida pra lá... Um chamego só.... Mas aí o mundo de Dona Fulaninha começou a desabar. Aquele "fofo" animal poderia não ser tão fofo assim e se transformar num rato nojento e fedido!
Perguntei a ela: -
E ser for um rato??? Eis que Dona Fulaninha responde:
- É uma vida né... vou continuar cuidando. Se for mesmo um rato depois eu solto..."Segundo Dona Fulaninha, que foi mãe de cinco (cinco filhos, não cinco filhotes), o instinto materno falava mais alto. Eu, que pari há tão pouco tempo, não tive esse "instinto materno"... Vai entender...
E aos poucos tudo indicava ser Vida um rato...Mas Vida continuava com Dona Fulaninha. Ainda como parte da reportagem, fui ao zoológico e mostrei filhotes de rato. Todos parecidíssimos com o filhote de Dona Fulaninha...
Mesmo com a quase certeza de ser um rato, a curiosidade quanto ao futuro de Vida só aumentava...Apelidos não faltaram: cachorrato, o rato filho do cachorro, Ratatouille, Ratazana...
Nos bastidores da redação ficávamos brincando sobre qual seria a próxima matéria: o lançamento de Vida no esgoto? Ou o rato de estimação????
Tudo começou na quinta-feira passada. E eis que no sábado Vida partiu desta para uma melhor... Ficou o mistério: rato ou cachorro??? Poderia até virar um filme: "A morte da Vida"...
E assim eu me divirto enquanto trabalho...
Pra encerrar este post, fotos da
minha Vida...
Olha a cara de quem adora fazer arte...
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Comendo a sandália...
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E com o pai no aniversário de um amiguinho do prédio. Detalhe: festa à fantasia com o tema "Ressaca do Carnaval". Ele foi de pirata, e lá encontrou outro pirata...