A vida em cinco anos...

Parece que foi ontem. Os pertences sendo encaixotados. As malas abarrotadas. Poucas horas de sono. E em pouco tempo o som do despertador avisando que a hora havia chegado. E, nessa hora, um último olhar pelo apartamento. Um olhar de adeus, de doce despedida. Sem pensar direito nos dias dali pra frente.

A caminho do aeroporto, poucas palavras. E uma filme rodando pela cabeça. Um filme sobre a vida. Sobre os momentos vividos naquele lugar. Quando voltaria a ver aquela cidade? Quando voltaria a ver a família, os amigos??? Nenhuma resposta. Apenas a sensação de novidade, de liberdade. E um pouco de saudade. Antes mesmo de começar a senti-la. Mas as fotos estavam ali, bem pertinho. Dentro da bagagem. Para, a qualquer momento, superar a ausência.

No aeroporto, a família reunida. Para uma despedida e um desejo de boa sorte. Corações aflitos, lágrimas nos olhos. Se a despedida já é dura com passagem de volta, imagina então só com a passagem de ida.

"Estamos aqui. Sempre. Quando precisar, estaremos te esperando de volta", diziam os olhares.

Um abraço apertado. E as lágrimas correndo soltas pelo rosto. Naquele momento eu me lembrei de uma frase que minha mãe sempre dizia: "a gente cria os filhos para o mundo".

E para o mundo eu estava indo. Naquele 30 de janeiro de 2004 uma nova Camila nascia. Mais madura, mais adulta. E, sobretudo, certa do que queria. A caminho do avião, um olhar para trás. Via a família ficar pequenina à medida que os passos iam aumentando...

"A gente cria os filhos para o mundo", pensava novamente....

Enquanto caminhava, um encontro inesperado. Uma amiga jornalista iria pegar o mesmo vôo que eu. E, por coincidência, era o livro que ela acabara de escrever que eu carregava na mão.

Presente do Tio Hique e da Tia Sônia, com a seguinte dedicatória:

"Querida Camila, desafios existem para ser superados. Para o nosso crescimento pessoal. Temos certeza de que você alcançará aquilo que deseja em sua carreira. Boas entrevistas."

Quando mostrei a ela o livro, Leila não hesitou e pediu para escrever uma dedicatória também.

"Amiga querida e jornalista das mais competentes, o beijo e a torcida para que você conquiste Maceió e seja muito, muito feliz. Da Leila, 30/1/04."

Era para Maceió que eu seguia. Para trabalhar como repórter na TV Gazeta, afiliada da Globo na cidade. Naquele 30 de janeiro de 2004 eu dava não só o passo mais importante da minha carreira, como também da minha vida.

Fui para Maceió sem conhecer nada, nem ninguém. Nem mesmo a cidade. Seria a minha primeira vez ali.

Segui sozinha, mas empenhada e determinada em crescer profissionalmente. Assim que cheguei, um olhar pela cidade. Tanta coisa passava pela cabeça. Mas de uma coisa eu tinha certeza: havia feito a escolha certa!!!

Hoje, cinco anos depois, a cada dia tenho mais certeza disso! Foi lá que conheci o meu marido, grande amor da minha vida! Foi lá que dei o verdadeiro passo para a profissão. Ganhei 3 prêmios de jornalismo, fui reconhecida. Cresci, amadureci. De verdade. Como profissional e ser humano.

Um ano e meio depois seria Salvador o meu destino. E é aqui que estou hoje.
Mãe, mulher, profissional.

A vida é engraçada. Às vezes a gente para e pensa: "como será a minha vida daqui a cinco anos???" Mas dificilmente pensa como ERA a vida há cinco anos. Hoje eu parei para refletir. E percebi quanta coisa mudou.

Em cinco anos mudei de cidade 3 vezes. Me casei. Troquei de emprego. Viajei muito. Conheci tanta gente nova, tantos bons amigos. Conheci a vida de verdade. Tive um filho maravilhoso...

Pensar como estarei daqui a cinco anos???? Não sei...

A única coisa que vem à mente é uma frase que ouvi certa vez e nunca me esqueci:

"Tudo na vida é meio 50%.
50% pode dar certo, 50% pode dar errado.
Cabe a você acreditar no seu potencial para tudo seja 100% certo!"

E que venham os próximos cinco anos!!!