O bom da vida é sair por aí...Descobrir o mundo, descobrir as pessoas e as coisas...Sentir, olhar, experimentar... viver o que é bom e saber diferenciar...ampliar os horizontes sem ter medo de ousar!!!!

Por Camila Marinho

21 de julho de 2007

A Bahia de luto


Foi uma sensação estranha, como se ACM não tivesse morrido e fosse acordar a qualquer instante. Foi assim que me senti durante toda a sexta-feira (20), enquanto fazia a cobertura sobre a morte do senador. Em apenas dois anos na Bahia, pude sentir como o povo baiano ama Antônio Carlos Magalhães. Essa é a palavra que, acredito, melhor expressa o sentimento dos baianos: amor! Claro, existem muitos que não gostam, mas é como me disse uma pessoa: "nem Jesus agradou a todos" (sem querer fazer comparações, é claro)! O fato é que a maioria idolatra ACM e, muitas vezes, até o considera como um membro da família sem mesmo nunca o ter conhecido.

Eu, particularmente, encontrei e entrevistei o senador algumas vezes. E ele sempre foi muito simpático e educado. Fora isso, eu o admirava por perceber o amor que ele sentia pela Bahia.
ACM podia ter milhões de defeitos (e quem não tem), podia ter errado (quem não errou), podia também ter desagradado, mas é INEGÁVEL que ele realmente amava a Bahia. E como amava!!! Defendia o seu estado com unhas e dentes! E, assim, conseguiu mudar a cara do estado. Trouxe indústrias, construiu ruas e avenidas, abriu estradas, combateu a criminalidade, recuperou espaços culturais... enfim, são tantas coisas que fica difícil enumerar todas elas! Ele foi mais do que um líder político! ACM foi a voz em defesa da Bahia!

A COBERTURA - Antônio Carlos Magalhães estava internado desde o mês passado no INCOR, mas na última semana todos pareciam prever que o pior estava por vir. Boatos chegavam a todo instante. E na TV Bahia, emissora que pertence a Antônio Carlos Magalhães, e onde trabalho, os telefonemas não paravam! Muitos ligavam querendo saber se a morte estava confirmada!

Nesta sexta-feira (20), quando cheguei na TV, senti pela expressão dos colegas que aquele era o dia! Estavam todos tensos e preocupados! Eram 10 da manhã. Mas a morte do senador ainda não tinha sido confirmada. E tínhamos que nós preparar para o jornal que começaria dali às duas horas. Até então, seria um jornal normal, como todos os dias: factuais (notícias do dia), notícias frias (como chamamos aquelas que não são do dia), entrevistado no estúdio e por aí vai... De stand-by, tínhamos algumas coisas prontas sobre a vida do senador, ou seja, matérias contando sua história e trajetória, uma espécie de perfil de ACM. Muitos de vocês não sabem, mas toda emissora de TV deixa preparado um "perfil" de alguém que normalmente está doente ou internado. É praxe nas redações. Isso deve ser feito porque, no caso da morte, já temos alguma coisa que pode ser levada ao ar imediatamente.

E, assim, na manhã de sexta, seguíamos numa tensão alucinamente, sem saber como seria o jornal. Às 11h50, faltando dez minutos para o jornal local começar, entrou o plantão da Globo anunciando a morte do senador. Foi uma loucura. A televisão parou para assistir à notícia e, logo em seguida, todos correram para preparar o jornal! Pedimos desculpas à entrevistada que já tinha chegado e falamos que não daria mais para fazer a entrevista. Tudo o que estava previsto foi "derrubado" para fazer um jornal apenas sobre ACM.

Eu estava apresentando o jornal juntamente com Casemiro Neto (apresentador oficial) e imediamente seguimos para o estúdio. Enquanto isso, a editora-chefe e todos os outros editores preparavam o jornal que começaria dali a pouco tempo. As notas iam sendo "batidas" (digitadas) na hora e equipes de repórteres foram sendo deslocadas para fazer a cobertura. Do estúdio, eu e Casemiro íamos sabendo das notícias na hora, algumas vezes descobrindo no ar, enquanto líamos!

Claro, foi uma grande responsabilidade. Qualquer deslize comprometeria a qualidade do jornal e da própria emissora (de ACM)! Mas tudo correu bem! Conseguimos atualizar o telespectador dando as últimas informações sobre a morte do senador e, principalmente, fazer um retrospecto da vida de ACM. Para assistir ao Bahia Meio Dia, clique aqui

MUITO TRABALHO - Saí da televisão quase uma da manhã. Durante a tarde fiz uma matéria para o jornal local e depois segui para a base aérea de Salvador, onde acompanhei a chegada do corpo e o cortejo pelas ruas da cidade. Impressionante como o povo saiu para se despedir de ACM. Já era tarde e, mesmo assim as ruas estavam cheias. Por onde o caminhão do corpo de bombeiros passava, as pessoas gritavam, aplaudiam... Muitos choravam, outros simplesmente se desesperavam. Uma cena realmente impressionante. Eram jovens, crianças, adultos e idosos. Todo queriam dar o último adeus. Acabei fechando uma matéria para o Jornal da Globo, que mostra tudo isso. Para assistir, clique aqui

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