Moda e estilo - Entrevista

Diversidade. Para Regina Martelli, essa é a palavra que melhor define a moda nos dias de hoje. A jornalista e consultora de moda bateu um papo com o Caminho Trilhado sobre moda, estilo e tendências.

Caminho Trilhado: Como você define a moda atual?
Regina Martelli: Como a moda é um reflexo de uma sociedade num determinado tempo e a sociedade atual é globalizada em função da internet e redes sociais, a palavra para definir a moda atual é a mesma que define a sociedade: diversidade. É o tal do Hipermercado de estilos de que fala o antropólogo Ted Polhemus. A moda está funcionando como um supermercado, as propostas (de roupa, acessórios, cabelo, maquiagem), as mais diferentes possíveis, são expostas e cada um vai pegando o que gosta mais e montando o seu visual.

C.T: O que é estar na moda?
R.M: É estar com uma atitude e uma produção visual contemporâneas. Ou seja, a pessoa pode vestir uma peça vintage, mas a maneira dela se comportar diante da vida e seu corte de cabelo, as misturas que faz das roupas, a maneira como se expressa a torna um ser antenado com a atualidade. Caso contrário pode parecer que saiu do túnel do tempo. Não é mais a roupa que atualiza alguém hoje em dia, mas a maneira de olhar o mundo.

C.T: Qual a diferença entre moda e estilo?
R.M: A resposta é quase um lugar comum: moda é o lançamento que pode até virar estilo dependendo de quem usa. A moda está ao alcance de quem pode comprar. O estilo é individual.

C.T: Para você, o que não pode faltar no guarda-roupa de uma mulher?
R.M: Bom gosto, bom senso e um espelho bem grande.

C.T: Quais são as peças-chave levando em consideração a moda atual?
R.M: Camisas, calças de alfaiataria, jeans, blusas de tricô, uma saia longa e ir variando.

C.T: A maquiagem hoje faz parte de qualquer produção feminina. Mas como aproveitar este recurso sem parecer artificial no dia-a-dia?
R.M: Usando tons neutros no dia a dia. Mas eu acho que atualmente, ninguém está muito preocupado com essa naturalidade, haja visto os esmaltes azuis, verdes, pretos etc.

C.T: Como equilibrar roupa, calçado, cabelo e maquiagem?
R.M: Hoje não tem fórmulas como antigamente. Depende mais do tal espelho que eu falei acima e um bom senso de equilíbrio e harmonia.

C.T: Quem não tem condições financeiras de acompanhar essas mudanças que a moda "impõe", deve apostar em quê? Em acessórios, calçados ou alguma cor ou peça de roupa?
R.M: Vamos combinar que a moda não tem mudado mais tanto assim. As calças que eu usava há dois anos eu continuo usando. Macacões eram usados no verão passado, continuarão no próximo. Apenas, a cada estação, algumas peças são incorporadas ao guarda roupa sem que o que está lá dentro precise ser detonado. Esse ano é só incorporar saias longas. Fora de moda mesmo é sapato bicudo, aqueles bolsões enormes, o terninho que está parecendo uniforme de recepcionista.

C.T: Falando especificamente do Nordeste, meia-calça, echarpe e bota são acessórios permitidos na guarda-roupa feminino? Como usar esses acessórios no dia-a-dia sem cair no ridículo?
R.M: No Nordeste eu acho que meia calça é dispensável, pode ser substituída pela meia arrastão que dá estilo e não esquenta. Echarpes de seda leves podem incrementar simples camisetas e também não dão calor, é só não grudá-las no pescoço. E bota é melhor usar em dia de chuva, já que, mesmo quente, o visual do tempo lembra frio.

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